Belo Horizonte (MG) – Morreu na noite do último domingo (02), aos 73 anos, em Belo Horizonte, o cantor e compositor Lô Borges, um dos fundadores do seminal movimento Clube da Esquina. A informação foi confirmada pela família e pelo Hospital Unimed Contorno na manhã desta segunda-feira (03).
Salomão Borges Filho, seu nome de batismo, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde o dia 17 de outubro, vítima de uma intoxicação medicamentosa que o levou ao hospital em estado grave.

De acordo com o boletim médico, o falecimento ocorreu às 20h50, em decorrência de uma falência múltipla de órgãos.
Durante a internação, o artista passou por procedimentos complexos. Ele precisou de ventilação mecânica, foi submetido a sessões de hemodiálise e, no último dia 25 de outubro, realizou uma traqueostomia para maior conforto.
Em comunicado na última sexta (31), o hospital havia informado que o músico apresentava estabilidade hemodinâmica e metabólica, mas seu quadro não resistiu.
Uma Vida Dedicada à Música e à Composição
Nascido em 10 de janeiro de 1952 no bairro Santa Tereza, na capital mineira, Lô teve seus primeiros contatos com a música ainda na infância, aos nove anos, quando ganhou seu primeiro violão.
Sua trajetória, no entanto, mudaria para sempre aos dez anos, no encontro casual que se tornaria lendário: nas escadas do Edifício Levy, no Centro da cidade, ele conheceu Milton Nascimento.

Em entrevista ao “Conversa com Bial” em 2023, Lô relembrou com carinho aquele momento:
“Sentei na escadaria, dei de cara com um carinha tocando violão, era o Bituca. […] Ele assim comigo: ‘Você gosta de música, né, menino?’”. disse.
A amizade floresceu, e Milton passou a frequentar a casa da família Borges, dando início a uma das parcerias mais férteis da Música Popular Brasileira (MPB).
Desses encontros, e de outras amizades como a com Beto Guedes, surgiu o Clube da Esquina. O movimento, batizado justamente do ponto de encontro dos jovens músicos nas esquinas do Santa Tereza, revolucionou a cena musical brasileira nas décadas de 1960 e 70.

Em 1972, Lô e Milton assinaram juntos o icônico álbum duplo “Clube da Esquina”, considerado uma obra-prima atemporal.
Recentemente, em 2024, a publicação norte-americana “Paste Magazine” elegeu o disco como o nono melhor de todos os tempos em ranking global. No mesmo ano, Lô lançava seu primeiro trabalho solo, “Disco do Tênis”.
Sua carreira, com mais de 16 álbuns lançados, foi marcada por sucessos que se tornaram hinos da MPB, como “Tudo O Que Você Podia Ser”, “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e a eterna “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”.
Violonista e guitarrista talentoso, Lô era, acima de tudo, um compositor incansável.
Mesmo após cinco décadas de estrada, Borges mantinha a chama criativa acesa. Seu último álbum, “Tobogã”, foi lançado em 2024, e em agosto de 2025 chegou “Céu de Giz”, uma parceria com Zeca Baleiro, mantendo a tradição de lançar um disco inédito por ano desde 2019.
Legado
Lô Borges deixa um legado inestimável para a cultura brasileira, uma obra que atravessa gerações e continua a emocionar. Ele deixa esposa e um filho.
A família ainda não divulgou informações sobre o velório e o sepultamento. A nota do Hospital Unimed-BH se solidarizou com “a família, amigos e fãs pela irreparável perda para a música brasileira”.
















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