Rio de Janeiro (RJ) – A música brasileira perdeu um de seus nomes mais autênticos e irreverentes. A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu nesta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Hospital Silvestre, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo seu advogado, Carlos Eduardo Lyrio.
A artista estava internada desde 17 de junho deste ano, lutando contra uma infecção pulmonar grave. Seu estado de saúde foi marcado por uma série de complicações. Ela precisou ser intubada e submetida a uma traqueostomia, passando 21 dias na UTI.
Recentemente, iniciou um tratamento de reabilitação vocal e chegou a recuperar a fala no início de agosto. No entanto, uma nova infecção, contraída no ambiente hospitalar, levou a uma parada cardíaca da qual ela não resistiu.
Sobre a Artista

Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, a artista recebeu o apelido que se tornaria sua marca ainda na infância, por causa da voz grave e rouca que a consagraria. Iniciou seus estudos no piano clássico aos 5 anos de idade.
Sua trajetória artística começou de forma intensa e global: após uma viagem à Itália, onde conheceu o cineasta Glauber Rocha, mudou-se para Londres. Na capital inglesa, trabalhou como faxineira, garçonete e lavadora de pratos, enquanto fazia apresentações em bares. Foi por indicação de Glauber Rocha que participou do álbum “Transa” (1972), de Caetano Veloso, tocando gaita.
De volta ao Brasil, começou a se apresentar em casas noturnas cariocas e foi contratada pela Polygram (atual Universal Music). Seu álbum de estreia, homônimo, lançado em 1979, já a catapultou para o estrelato.

Foi em 1980, vestindo um smoking e sozinha no palco do Teatro Fênix, que interpretou pela primeira vez o que se tornaria seu maior sucesso: “Amor, Meu Grande Amor”.
A música, uma declaração intensa e crua de amor e dor, revelou ao país uma artista que falava de sentimentos por uma perspectiva feminina e visceral, influenciada por Ella Fitzgerald, Maysa e Elis Regina.
Além dos palcos, sua vida foi marcada por momentos públicos de dificuldade. Ela mesma falava abertamente sobre suas “tentativas de autodestruição” e excessos. Nos últimos anos, enfrentou sérios problemas financeiros e de saúde, que a afastaram dos palcos.
Sem aposentadoria, sobrevivia com cerca de R$ 800 mensais de direitos autorais. Durante a pandemia e, recentemente, para custear suas despesas hospitalares, chegou a pedir doações aos fãs pelas redes sociais.
Angela Ro Ro deixa um legado de mais de dez discos, composições atemporais e a lembrança de uma personalidade artística forte, única e verdadeira, que influenciou e marcou gerações.
Sua voz rouca e seu estilo inconfundível, uma mistura de blues, samba-canção, bolero e rock, ecoarão para sempre na história da música popular brasileira.
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