Brasil – Um diálogo cinematográfico entre a floresta e o litoral, o passado e o presente. Este é o cerne de “Itacoatiaras”, novo documentário assinado pelo consagrado cineasta amazonense Sérgio Andrade e pela artista visual carioca Patricia Goùvea.
O filme, que tem estreia mundial marcada para o 11th Panorámica – Stockholm Latin American Film Festival, na Suécia, no dia 28 de setembro, será exibido em seguida no Brasil, durante a 27ª edição do Festival do Rio, entre 2 e 12 de outubro.
Com 73 minutos de duração, o longa-metragem tece uma narrativa sensível e potente ao conectar dois territórios homônimos separados por milhares de quilômetros, mas unidos por histórias entrelaçadas: o bairro de Itacoatiara, em Niterói (RJ), e o município de Itacoatiara, no Amazonas.

A obra investiga as ancestralidades indígenas apagadas pela colonização, a pressão da especulação imobiliária e as fragilidades ambientais, propondo uma reflexão urgente sobre memória e o futuro.

Em entrevista, Patricia Goùvea conta que a semente do projeto foi plantada em 2017, durante uma residência artística no Amazonas, o LabVerde.
“Foi um encontro fulminante, e logo nos tornamos muito amigos. Sérgio passou meses no Rio e conheceu Itacoatiara, em Niterói, que é um santuário na minha vida”, relembra a diretora.
O que começou como um projeto de média-metragem ganhou complexidade e escala, transformando-se em um longa. As filmagens, iniciadas em 2021 em plena pandemia, foram marcadas por desafios logísticos e financeiros.
“Ganhar um edital para média-metragem e transformá-lo em longa foi uma construção coletiva. Todo mundo deu de si e mais um pouco”, destaca Patricia.
Pedras que Falam: Natureza e Humanos como Protagonistas

“Itacoatiaras” não se limita a entrevistas convencionais. O filme dá voz e protagonismo aos elementos naturais, numa “escuta sensorial” de pedras, rios e florestas.
A obra reúne depoimentos diversos, incluindo a liderança indígena Socorro Mura, a ambientalista Alba Simon e o pesquisador e jornalista Rafael Freitas, especialista na história da Baía de Guanabara.
Estreia Internacional e Expectativa para o Futuro

A seleção para o festival sueco, onde o filme encerrará a programação com um debate mediado por Patricia, foi recebida com euforia pela equipe.
“A Suécia é muito engajada com emergências climáticas, e o filme dialoga diretamente com essas pautas. É um momento de muita expectativa”, comemora a diretora.
Produzido pela Rio Tarumã Filmes (AM) em parceria com a Arapuã Filmes (RJ), com apoio das Leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, o documentário registrou ainda eventos climáticos extremos, como secas e cheias históricas no Amazonas.
Após a estreia nos festivais, a ambição da equipe é que o filme chegue às comunidades retratadas.
















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