Manaus (AM) – A crise política envolvendo a deputada federal brasileira Carla Zambelli (PL-SP) ultrapassou as fronteiras do Brasil e chegou oficialmente ao Parlamento da Itália. Nesta quarta-feira (4), o deputado italiano Angelo Bonelli, da Aliança Verde e Esquerda, protocolou um ofício formal de interpelação parlamentar direcionado a três ministros do governo italiano: Antonio Tajani (Negócios Estrangeiros), Carlo Nordio (Justiça) e Matteo Piantedosi (Interior).
Bonelli solicita esclarecimentos sobre a eventual entrada de Zambelli em território italiano e cobra uma posição do governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, aliada da extrema-direita internacional. O parlamentar lembra que a deputada brasileira é acusada de perseguir um adversário armado em 2022, além de ter disseminado desinformação sobre o sistema eleitoral nas eleições presidenciais daquele ano. Como consequência, Zambelli foi multada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teve conteúdos removidos das redes e, em janeiro de 2025, teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), sendo declarada inelegível por oito anos.
Zambelli deixou o Brasil em 25 de maio e, segundo ela mesma declarou à CNN, está nos Estados Unidos, mas pretende se mudar para a Itália. “Tenho passaporte italiano, podem me colocar na cola da Interpol, eles não me deixam sair da Itália. Sou cidadã italiana e sou intocável lá, a menos que a Justiça italiana me prenda”, afirmou. Ainda justificou a viagem dizendo que “a saúde aqui nos Estados Unidos é muito cara. Então, irei para a Itália, onde é mais barato”.
No documento enviado ao Parlamento, o deputado Angelo Bonelli ainda questiona se o governo Giorgia Meloni “considera apropriado, na primeira oportunidade disponível, alterar a Lei de Cidadania Italiana (nº 91/1992) para revogar a cidadania de indivíduos condenados por crimes como golpe de Estado, crimes contra a humanidade ou incitação à subversão violenta da ordem democrática”. A medida pode impactar diretamente casos como o de Zambelli, que tenta usar a cidadania italiana para evitar uma eventual extradição ou sanções jurídicas.
A fala provocou reação imediata na política italiana. No pedido de interpelação, Bonelli questiona se o governo Meloni permitirá que a cidadania italiana seja usada como instrumento de proteção a investigados por crimes graves em outro país. Ele também pede informações sobre a eventual cooperação do governo italiano com as autoridades brasileiras em caso de extradição.
Zambelli é alvo de um mandado de prisão preventiva autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e passou a figurar na lista vermelha da Interpol. Seu paradeiro atual ainda não foi confirmado oficialmente pela Polícia Federal brasileira.
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