Alvarães (AM) – A gestão do prefeito Lucenildo Macedo voltou a ser alvo de críticas após a divulgação de novas contratações envolvendo eventos religiosos no município de Alvarães. De acordo com documentos oficiais, a Prefeitura firmou dois contratos: um com a empresa Lira Talents Produções Artísticas, que recebeu R$ 160 mil para realizar o show do cantor gospel Gerson Rufino e Banda durante a Marcha para Jesus 2025.

Além disso, consta a contratação do pastor Ataliba Ramos no valor de R$ 25 mil para pregação no mesmo evento, com valores considerados “não vultuosos” pelo Executivo, mas ainda assim pagos com recursos públicos em um município que enfrenta graves deficiências estruturais. Os dois extratos foram publicados no Diário Oficial dos Municípios do Amazonas.

Embora as cifras não se comparem aos grandes escândalos financeiros do estado, especialistas apontam que o problema está no uso das prioridades. Para críticos da administração, a escolha de investir em atrações artísticas e religiosas — mesmo com valores relativamente moderados — reforça a impressão de que o prefeito tem dado mais atenção a eventos festivos do que às demandas básicas da população, como saneamento, infraestrutura, educação e transporte escolar, áreas onde as reclamações são constantes.
A polêmica ganha ainda mais peso considerando a soma dos contratos já firmados pela Secretaria de Educação e Cultura, que tem custeado shows, cachês e aparições públicas enquanto comunidades rurais relatam falta de água potável, estradas intransitáveis e unidades de ensino funcionando em condições precárias. Para opositores, Lucenildo Macedo estaria utilizando eventos religiosos como ferramenta política, tentando reforçar sua imagem junto ao eleitorado evangélico enquanto problemas urgentes seguem sem solução.
O episódio acende novamente o debate sobre prioridade do gasto público, especialmente em cidades pequenas, onde cada investimento tem impacto direto no cotidiano dos moradores. Mesmo que os valores não configurem grande volume financeiro, a destinação reforça a percepção de que o prefeito Lucenildo Macedo tem administrado Alvarães com foco mais eleitoral do que social.
Obras em escolas
As informações oficiais do FNDE mostram que, mesmo diante do discurso de dificuldades financeiras e limitações orçamentárias, a Prefeitura de Alvarães vem conduzindo obras educacionais com avanços irregulares e pouca transparência. A construção da Escola de Educação Infantil Tipo B, por exemplo, recebeu R$ 1.364.030,15, valor superior ao inicialmente previsto (R$ 1.310.886,73), mas ainda assim apresenta apenas 68,88% de execução — resultado considerado baixo diante dos anos de vigência do Termo de Compromisso nº 166761/2024.
Situação semelhante ocorre com a construção da quadra escolar coberta na comunidade Santa Luzia, obra do PAC 2 com repasse previsto de R$ 821.122,28, mas que teve apenas R$ 463.625,25 pagos, alcançando 84,26% de execução e permanecendo inconclusa.
Ainda mais preocupante é o caso da obra nº 28589, destinada à construção de uma escola de educação básica com apenas duas salas, que sequer saiu do papel. O projeto está registrado como 0% executado, sem qualquer valor previsto ou repasse contabilizado, apesar de constar como compromisso vigente no FNDE. Somam-se a isso pagamentos fragmentados realizados ao longo de 2012, 2013 e novamente em 2025, totalizando mais de R$ 1,3 milhão vinculados às obras 700371 e 166761, sem que a população tenha clareza sobre sua aplicação real.

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Baixa qualidade no ensino
Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) revelam um cenário preocupante sobre o aprendizado real dos estudantes. A nota 4,31 no indicador de aprendizado mostra que os alunos continuam longe dos níveis considerados adequados pelo Saeb, permanecendo majoritariamente nos níveis insuficiente e básico tanto em Língua Portuguesa quanto em Matemática. As médias de 168,18 pontos em Português e 172,44 em Matemática evidenciam que boa parte das crianças ainda não compreende plenamente conteúdos essenciais para o 5º ano, o que compromete toda a trajetória escolar futura.
Outro ponto crítico é o fluxo escolar, que registra índice de 0,93, revelando que a cada 100 alunos, 7 não foram aprovados. Embora o número pareça pequeno, ele indica que o município ainda enfrenta dificuldades para garantir que as crianças avancem de série no tempo correto. A combinação de baixo desempenho no Saeb com reprovações persistentes mostra que o Ideb de Alvarães segue longe de um padrão de qualidade, evidenciando falhas na aprendizagem, no acompanhamento pedagógico e na estrutura educacional oferecida às escolas municipais.
















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