‘Bullying de Trump contra Brasil está saindo pela culatra’, diz jornal americano

'Bullying de Trump contra Brasil está saindo pela culatra', diz jornal americano

Mundo – O jornal norte-americano ‘The Washington Post’ publicou neste domingo (21), um artigo em que afirma que as sanções comerciais impostas pelo presidente Donald Trump ao Brasil, em retaliação ao julgamento de Jair Bolsonaro, acabaram fortalecendo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o oposto do que o ex-presidente dos EUA pretendia.

Assinado pelo colunista de política internacional Ishaan Tharoor, o texto afirma que o “bullying praticado por Trump contra o Brasil está saindo pela culatra” e destaca que as tarifas de 50% anunciadas contra produtos brasileiros reacenderam o apoio popular a Lula e até despertaram simpatia entre setores tradicionalmente mais próximos da oposição.

“Para Lula, cujos aliados de esquerda enfrentam uma eleição difícil em 2026, o momento é uma bênção. Pesquisas mostram um apoio renovado ao seu governo diante da intimidação americana provocada por Bolsonaro”, escreveu Tharoor.

Segundo o colunista, ao contrário de países menores que costumam ceder à pressão de Washington, o Brasil respondeu com firmeza, impulsionado por uma economia diversificada e com peso internacional. A crise foi, portanto, convertida em capital político por Lula, que reagiu às tarifas propondo retaliações comerciais e condenando a interferência americana.

“Presente antecipado”

O Washington Post ainda ouviu um diplomata brasileiro que ironizou a situação:

“O Papai Noel chegou mais cedo para Lula, e quem mandou o presente foi Trump, com esse ataque atrapalhado à soberania do Brasil.”

O artigo também repercutiu mal dentro dos Estados Unidos. Uma fonte do Departamento de Estado, sob anonimato, classificou como “prejudicial à credibilidade americana” o fato de Trump ter retaliado um ministro da Suprema Corte brasileira por discordar de decisões judiciais no país.

“É difícil conceber algo mais prejudicial à credibilidade dos EUA na defesa da democracia do que sancionar um juiz da Suprema Corte de outro país por discordar de suas decisões”, disse a fonte ao Post.

Escalada diplomática

A tensão entre Brasil e EUA se intensificou após medidas determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de contato com aliados investigados e restrições de deslocamento. Em resposta, o governo Trump suspendeu o visto de Moraes e o acusou de perseguição política.

As tarifas, anunciadas em 9 de julho, devem entrar em vigor em 1º de agosto e afetam diretamente exportações brasileiras. Os EUA são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás de China e União Europeia.

Analistas consultados por veículos internacionais, como a BBC, avaliam que a medida tem caráter político e que é improvável que o governo Trump recue. Para o Planalto, porém, o impacto inicial foi revertido em ganho político interno.

“As tarifas prejudicam os interesses das elites empresariais, que costumam ser os maiores incentivadores da oposição conservadora a Lula”, conclui o Washington Post.

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