TCE-AM mantém apuração contra David Almeida por suspeita de favorecimento

TCE-AM mantém apuração contra David Almeida por suspeita de favorecimento

Manaus (AM) – O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) decidiu dar prosseguimento à investigação sobre a viagem de luxo realizada pelo prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), a uma ilha caribenha em março deste ano. O pleno da Corte acolheu o parecer técnico da Diretoria de Controle Externo da Administração Municipal de Manaus (DICAMM), que aponta indícios de favorecimento indevido e possível enriquecimento ilícito, com base em vínculos entre o gestor e empresas contratadas pela prefeitura sem licitação.

A viagem incluiu transporte aéreo em jato particular, hospedagem de alto padrão e participação em eventos exclusivos. Segundo o relatório técnico nº 08/2025, embora não haja provas diretas do uso de recursos públicos, a associação entre os patrocinadores da viagem e empresas com contratos milionários com o município levanta suspeitas de violação aos princípios da moralidade, impessoalidade e legalidade administrativa.

Entre as empresas mencionadas estão a MURB Manutenção e Serviços Urbanos Ltda, a Grafisa Gráfica e Editora Ltda, a Construtora Rio Piorini e a Construtora Royal Tech — juntas, elas movimentaram mais de R$ 418 milhões em contratos com a Prefeitura de Manaus entre 2020 e 2025.

MURB

Grafisa

Construtora Rio Piorini

Royal Tech

A denúncia foi apresentada pelo vereador Coronel Rosses (PL), que cobrou providências firmes diante da gravidade dos indícios. “A representação que apresentei ao Tribunal de Contas do Estado foi a alternativa que encontrei para fiscalizar os recursos públicos de Manaus. Em meio ao caos e ao sofrimento da população, o prefeito viajou para o Caribe, pela segunda vez com fornecedores. Uma viagem luxuosa com champanhe de 30 mil reais. E como o próprio TCE relata, há suspeitas de favorecimento, pois há indícios de que despesas da viagem possam ter sido custeadas por empresas contratadas pela prefeitura. Essas mesmas empresas já receberam centenas de milhões de reais do município, em contratos com dispensa de licitação”, afirmou.

Para o vereador, o prefeito não conseguiu comprovar que os custos foram pagos por ele. “Apresentou dois recibos que não têm nenhum valor fiscal, mas mostram que os custos da viagem luxuosa são bem superiores ao informado anteriormente. Prefeito e primeira-dama viajaram de primeira classe. R$ 16 mil só de upgrade. O povo de Manaus tem o direito de saber a verdade, e é por isso que seguimos cobrando apuração rigorosa e providências. Espero que o pleno do tribunal julgue pelo aprofundamento das investigações. A população sofrida não pode pagar os luxos do prefeito”.

O parecer técnico aponta a necessidade de esclarecimentos sobre despesas ainda não comprovadas, como hospedagem, transporte terrestre e consumo no exterior. A cautelar que pedia suspensão de pagamentos às empresas foi negada, mas os contratos seguem sob escrutínio do TCE-AM. O processo está sob relatoria do conselheiro Érico Xavier Desterro e Silva.

A Prefeitura de Manaus nega irregularidades e afirma que não há evidências de que os recursos usados na viagem tenham origem em empresas contratadas pelo Município.

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