Manaus (AM) – Os deputados federais do Amazonas gastaram quase R$ 1,8 milhão em verbas da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP), conhecida como “Cotão”, apenas no primeiro semestre de 2024. O montante, divulgado pelo Portal da Transparência da Câmara, mostra uma média diária de quase R$ 10 mil em despesas com divulgação, passagens, consultorias e outros serviços ligados ao mandato.
O campeão de gastos foi Sidney Leite (PSD), que utilizou R$ 289.847,25, seguido por Pauderney Avelino (União Brasil), com R$ 276.924,90, e Adail Filho (Republicanos), que gastou R$ 275.648,48.
Na outra ponta da lista, Amon Mandel (Cidadania) aparece como o mais econômico, com R$ 34.334,62 utilizados no semestre, média de apenas R$ 190 por dia, quase dez vezes menos que Sidney Leite. A postura de contenção nos gastos com o Cotão já é uma marca do parlamentar, desde os tempos de vereador em Manaus, quando era o único entre os 41 a não utilizar verbas extras.
Divulgação parlamentar lidera despesas
A maior parte do montante foi destinada à divulgação da atividade parlamentar, que somou R$ 566.715,68. Apenas Amon não utilizou essa categoria.
Os maiores investidores em publicidade de mandato foram:
Adail Filho: R$ 190 mil / Sidney Leite: R$ 136,5 mil / Pauderney Avelino: R$ 85.235,68
Cada parlamentar amazonense tem direito a gastar até R$ 296.183,52 no semestre. Ou seja, alguns chegaram perto do teto permitido por lei.
Cotão segue alvo de críticas
Criado para garantir que os deputados consigam manter estruturas de trabalho nos seus estados e em Brasília, o Cotão se tornou um dos dispositivos mais questionados da política nacional. Embora legal, o uso excessivo da verba levanta dúvidas sobre sua real necessidade e a eficácia da fiscalização.
Críticos apontam a frouxidão dos critérios, o uso de notas fiscais genéricas e a ausência de auditorias rigorosas. Casos de abuso incluem abastecimentos acima do razoável, contratos com empresas de fachada e gastos em autopromoção, principalmente em períodos eleitorais.
Enquanto o cidadão comum precisa prestar contas até dos centavos no Imposto de Renda, parlamentares usam milhares por mês com controle superficial, o que, para muitos, compromete a credibilidade do sistema democrático.
CPI dos buracos em debate na CMM
Na Câmara Municipal de Manaus, a discussão sobre uso de recursos e fiscalização também está em pauta. O vereador Gilmar Nascimento (Avante) criticou o pedido de instalação da CPI dos Buracos, alegando que a proposta não tem base legal sólida.
“A CPI precisa ser um inquérito dentro do parlamento, com fato determinado e fundamentação clara”, disse ele em entrevista. A discussão segue entre os vereadores, enquanto a população cobra respostas para a má conservação das vias da capital.
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