As tecnologias modernas mudaram o mundo de um jeito que parece até estranho lembrar como era antes. Hoje é difícil imaginar a vida sem internet, computadores e celulares, que estão com praticamente todo mundo.
Mudou tudo, do trabalho ao entretenimento. Filmes, séries e transmissões esportivas chegam direto no celular. E, se você gosta de apostas e procura uma casa de apostas confiável, basta encontrar um site ou aplicativo em poucos cliques, sem precisar ir a lugar nenhum.
Na cozinha, a história também virou outra. Nas redes sociais, inclusive no Instagram, aparecem formatos bem específicos de conteúdo culinário. Receitas rápidas e inovadoras, influenciadores que visitam lugares e os recomendam com um olhar próprio ou até nutricionistas que fazem conteúdos super informativos que duram só alguns segundos. Mas, no fim, o visual sempre teve peso na gastronomia. A diferença é que as redes sociais só deram um novo ângulo para isso. E qual é o efeito real dessa mudança?
Comer com os olhos sempre foi uma realidade
O ambiente digital alterou ou pelo menos amplificou todas as atividades e ciclos sociais humanos, desde áreas como beleza, saúde, e até mesmo no entretenimento.
Por exemplo, o momento das refeições é um dos mais importantes para qualquer um, portanto, é claro que sobram estudos sobre a importância do aspecto visual nos pratos. Eles mostram que “comer com os olhos” sempre foi uma realidade:
- A cor dos alimentos é um dos indicadores mais importantes. Segundo estudos científicos, uma mudança de cor pode alterar a própria percepção de sabor. Por exemplo, tonalidades quentes podem evocar doçura, enquanto tons escuros remetem a amargor;
- Os famosos lugares e pratos “instagramáveis” não são apenas um hype. Por trás disso, há vários estudos mostrando que montagens semelhantes a obras de arte, seja em cores, forma, altura ou arranjo, alteram não só a expectativa, como o próprio sabor percebido;
- A disposição a pagar mais ou menos por um prato também tem tudo a ver com a apresentação dele. Os que se aproximam de obras de arte ganham pontos aqui.
O que as redes sociais realmente modificaram?
Cozinhar sempre foi sobre uma certa performance. Não é preciso ir muito longe, basta assistir a um programa de TV qualquer sobre culinária para entender como esse momento se aproxima muito de uma arte. A questão aqui é que as redes sociais, especialistas em gerar produtos, levam tudo ao extremo.
Hoje se fotografa cada passo do preparo – do corte dos ingredientes ao prato final – mesmo que não seja um banquete de restaurante, mas até mesmo um pão tostado no café da manhã. Todo mundo, querendo ou não, acaba influenciado por esse comportamento online. Às vezes, dá até vontade de cozinhar algo só para tirar a foto, como se o clique fosse parte essencial da receita.
Como ser visto influencia cada etapa até a refeição
No mundo atual, tudo pode se tornar conteúdo: basta encontrar o formato certo. Na cultura culinária, é possível identificar isso em todas as etapas até a mesa do consumidor:
- Desde o momento da seleção até a compra, o consumidor é totalmente influenciado pelas redes. É comum que não só alguns pratos virem tendência, mas também certos ingredientes;
- Para os restaurantes, receber essas tendências e acabar as reproduzindo também pode ser vantajoso, até mesmo por questões de marketing. É como a febre do morango do amor, que aconteceu em 2025, ou o próprio pistache, que ganhou uma extrema popularidade que resultou, em grande parte, das próprias campanhas de redes sociais, principalmente Instagram;
- No momento do consumo, também há pesquisas demonstrando que o prazer de ver pode amplificar a experiência. Mas quando ele toma uma proporção muito alta ou focada demais em se mostrar para um terceiro, pode acabar frustrando a experiência. Não é por acaso que alguns donos de restaurantes protestam e podem até proibir o uso de aparelhos. O relato é de que a pressão estética acaba atrapalhando a experiência pelo sabor.
Mais desdobramentos: o Instagram pode prejudicar a experiência culinária?
Os desdobramentos desse novo mundo digital na culinária, nos restaurantes e nas mesas dos consumidores são muitos. No fim, todos eles têm relação com o “ver e ser visto” que tanto caracteriza as redes sociais, inclusive o Instagram. Nesse sentido, embora o sentido da visão seja fundamental em qualquer experiência, ele não pode tomar demais cada momento.
O foco extremo em parecer bonito pode, no fim, apenas prejudicar a todos. Enquanto quem produz o alimento perde espaço para inovar no sabor a fim de agradar quem quer postar no Instagram, os clientes esquecem de viver o momento da refeição, de saborear, sentir, e podem até mesmo perder a sensibilidade desses momentos no longo prazo. É claro, isso é uma questão de equilíbrio, e não de extremos como de demonizar as mídias sociais.
Sim, hoje tudo o que fazemos facilmente se transforma em conteúdo. Isso nos inspira a fazer melhor, a experimentar o novo, talvez até nos traga certa fama. Mas também é importante lembrar de descansar dessa constante produção para os outros e simplesmente viver por nós mesmos.
Foto Destaque: Canva
















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