Lula confirma taxação sobre produtos dos EUA e acusa família Bolsonaro de atuar com Trump

Lula confirma taxação sobre produtos dos EUA e acusa família Bolsonaro de atuar com Trump

Brasil – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (10) que o Brasil vai aplicar uma taxação de 50% sobre produtos dos Estados Unidos, caso o governo norte-americano mantenha medidas semelhantes contra exportações brasileiras. A decisão, segundo Lula, será baseada na lei da reciprocidade, já aprovada pelo Congresso Nacional.

Em declaração contundente, Lula reagiu à carta pública divulgada por Donald Trump, que criticou o sistema judiciário brasileiro e defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro. O petista não só classificou a atitude como um “desrespeito à soberania nacional”, como também acusou diretamente a família Bolsonaro de ter influenciado o ex-presidente americano a agir politicamente contra o Brasil.

“Foi o filho dele que foi lá fazer a cabeça do Trump”, disse Lula, referindo-se a Eduardo Bolsonaro. “Começam uma carta tentando fazer um julgamento de um processo que está nas mãos da Suprema Corte.

Taxação como resposta

Lula deixou claro que sua equipe econômica e o Itamaraty já estavam tratando da resposta desde a primeira taxação imposta pelos EUA, de 10%. Agora, com a escalada das tensões, o presidente confirmou que, caso não haja uma solução diplomática, a taxa de 50% será imposta sobre produtos norte-americanos.

“Se ele [Trump] vai cobrar 50% da gente, nós vamos cobrar 50% dele. O Brasil tem a lei da reciprocidade e vai usar”, declarou Lula.

“A gente não vai abaixar a cabeça. Se não quiser negociar, nós vamos agir.”

Reação contra interferência e defesa da democracia

Lula também condenou o teor da carta de Trump, que questiona decisões judiciais no Brasil, e fez um paralelo com a invasão do Capitólio nos EUA, em 2021.

“Se o que o Trump fez no Capitólio tivesse acontecido aqui, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro — e arriscado a ser preso, porque feriu a democracia, porque feriu a Constituição.”

Comando brasileiro sobre suas leis

O presidente ressaltou que o Brasil não aceitará que nenhuma empresa estrangeira — incluindo as plataformas digitais mencionadas por Trump — funcione fora da legislação nacional. “Aqui no Brasil quem manda somos nós, brasileiros. As regras são feitas por nós, pelo Congresso, e respeitadas pelo Judiciário.”

Ele também contestou a alegação de Trump de que os EUA têm prejuízo comercial com o Brasil. “Não é verdade. Nos últimos 15 anos, nosso déficit com os Estados Unidos em importação de bens e serviços ultrapassa US$ 410 bilhões.”

Alternativas comerciais e novo foco na Ásia

Lula sinalizou que o Brasil já busca novos parceiros comerciais, especialmente entre os países da Ásia. Ele confirmou que estará em outubro no encontro do grupo ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) para ampliar parcerias econômicas.

“Se os Estados Unidos não querem comprar, nós vamos procurar quem quer comprar”, afirmou.

Criação de comitê com setor produtivo

Em meio à crise comercial, Lula anunciou que será criado um comitê com empresários brasileiros para acompanhar os desdobramentos e repensar a política comercial com os Estados Unidos.

“Vamos criar um comitê de acompanhamento. Não é um gabinete de crise, mas um gabinete de repensar a política comercial brasileira com os EUA”, explicou.

Lula conclui com recado a Trump e ao povo brasileiro

“Trump foi eleito para cuidar dos EUA. Aqui, quem cuida é o povo brasileiro. Respeito é bom, eu gosto de dar e gosto de receber. Eu sou brasileiro, gosto do Brasil e não desisto nunca.”

A escalada diplomática entre Brasil e Estados Unidos representa um dos momentos mais tensos da política externa brasileira nos últimos anos, especialmente por envolver não só divergências comerciais, mas também interferências diretas no sistema judicial e na soberania do país.



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