Buenos Aires – O presidente da Argentina, Javier Milei, foi retirado às pressas de evento de campanha nesta quarta-feira (27) após ser alvo de um ataque com pedras e garrafas. O incidente ocorreu durante carreata do partido governista, A Liberdade Avança, na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da Grande Buenos Aires.
De acordo com a imprensa local, Milei cumprimentava apoiadores na caçamba de uma picape quando o tumulto começou. A confusão envolveu militantes de oposição e apoiadores do presidente, obrigando a suspensão do veículo por motivos de segurança.

O deputado José Luis Espert, principal candidato do partido nas eleições legislativas de outubro, que acompanhava o presidente, foi visto deixando o local em uma motocicleta e sem capacete.
Um porta-voz do governo confirmou que ninguém ficou ferido, embora o deputado Espert, em entrevista à rede TN, tenha afirmado que uma fotógrafa da campanha foi atingida por uma pedra.
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Acusações Políticas
Imediatamente após o episódio, integrantes do governo e o próprio presidente atribuíram a violência a opositores ligados ao kirchnerismo, movimento político da ex-presidente Cristina Kirchner.
“Percorremos vários quarteirões em paz, com alegria e grande euforia, e em certo momento pedras caíram muito perto do presidente”, disse Espert, que acusou diretamente “militantes ligados à Cristina Kirchner de violência”.
O porta-voz presidencial, Manuel Adorni, escreveu nas redes sociais: “Militantes da velha política, kirchnerismo em estado puro e um modelo de violência que só os homens das cavernas do passado querem: atacaram a pedradas a caravana“.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, ecoou as acusações, afirmando que o kirchnerismo “organizou um ataque ao presidente… semeiam violência e caos”.

Cenário de Crise e Escândalo
O ataque ocorre em um momento de extrema turbulência para o governo Milei. O presidente enfrenta um escândalo de corrupção que envolve sua irmã e principal assessora, Karina Milei, que também estava presente no veículo atacado.
A crise eclodiu com a divulgação de áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-diretor da Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS), demitido em 21 de agosto.
Nas gravações, Spagnuolo menciona um suposto esquema de propina na compra de medicamentos, desviando até 8% do valor de cada contrato, e cita Karina Milei e outro funcionário como beneficiários diretos, alegando que ela ficava com cerca de 3% do valor.
A Justiça argentina já realizou buscas e apreendeu uma grande quantia em dinheiro vivo, celulares e outros itens, mas a veracidade dos áudios ainda não foi judicialmente comprovada e nenhuma acusação formal foi feita.
Além da crise de corrupção, Milei acumula derrotas no Congresso, incluindo uma ruptura pública com a vice-presidente Victoria Villarruel, e viu sua popularidade cair oito pontos percentuais nas últimas semanas, segundo pesquisas.
Em meio a este cenário, as eleições legislativas de outubro são encaradas como um plebiscito sobre suas polêmicas políticas de austeridade. Milei, após o incidente, publicou uma foto em sua residência oficial ao lado da irmã e do deputado Espert, condenando os ataques e reafirmando sua posição contra a oposição.

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