Brasil – O governo dos Estados Unidos publicou uma mensagem em português na última quinta-feira (29), em um tom que foi interpretado como uma ameaça indireta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A publicação, feita pelo Bureau para Assuntos Ocidentais do Departamento de Estado dos EUA, diz: “Que fique claro: nenhum inimigo da liberdade de expressão dos americanos será perdoado”.
A postagem surge uma semana após o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmar que há uma “grande possibilidade” de Moraes sofrer sanções por meio da Lei Magnitsky, que permite punições a autoridades estrangeiras acusadas de violações de direitos humanos. Rubio já havia declarado que os EUA poderiam revogar vistos e congelar bens de autoridades que, em sua visão, atentem contra a liberdade de expressão.

O Bureau para Assuntos Ocidentais, subordinado ao Departamento de Estado, já havia acusado o Brasil de promover “censura” em uma nota emitida em fevereiro deste ano. A postagem em português foi republicada pela Embaixada dos EUA no Brasil, reforçando o alinhamento da mensagem com a posição oficial do governo americano.
Após as declarações de Rubio na semana passada, a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Luiza Viotti, buscou dialogar com membros do Departamento de Estado para tentar evitar as sanções. No entanto, a publicação recente sugere que, até o momento, o Itamaraty não conseguiu demover os EUA da possibilidade de punir Moraes.
A postagem em português foi vista como uma provocação direta ao STF e ao governo brasileiro, especialmente diante do histórico de atritos entre Moraes e figuras alinhadas ao bolsonarismo, que têm buscado apoio internacional contra decisões judiciais no Brasil.
Enquanto isso, a embaixadora Viotti não se reuniu com Marco Rubio, mas manteve contato com Gabriel Escobar, encarregado de negócios dos EUA em Brasília. O Itamaraty segue monitorando a situação, mas ainda não houve uma resposta oficial do governo brasileiro à última provocação.
O que está em jogo?
- A Lei Magnitsky pode ser usada para sancionar Moraes, restringindo sua entrada nos EUA e congelando eventuais bens no país.
- O caso reflete a politização das relações EUA-Brasil, com o governo Trump adotando um discurso agressivo em defesa da liberdade de expressão, enquanto o STF mantém decisões contra desinformação e ataques à democracia.
- A postagem em português indica uma estratégia de comunicação direta com o público brasileiro, ampliando o tom de confronto.
O governo brasileiro deve buscar mais esclarecimentos diplomaticamente, enquanto o STF mantém suas decisões sem alterações. Se as sanções forem aplicadas, a crise pode se aprofundar, afetando as relações bilaterais.
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