Brasília (DF) -A reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, marcada para esta segunda-feira (15), foi cancelada após Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, comunicar por meio de seus advogados que não compareceria para depor.
O anúncio foi feito pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), que lamentou a decisão do investigado, considerando-o um dos principais nomes no esquema de desvios de recursos de aposentados.
“Perdemos a oportunidade de ouvir hoje um dos principais investigados no escândalo que desviou recursos dos aposentados”, disse Viana.
(Foto: Divulgação)
A ausência de Antunes foi possível graças a uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, que, no último sábado (13), tornou facultativa a sua presença no Congresso Nacional. Ou seja, cabia ao próprio empresário optar por comparecer ou não.
O lobista está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília desde a última sexta-feira (12), suspeito de participar de um esquema de cobrança ilegal de mensalidades associativas descontadas sem autorização de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
Mudança de posição
(Foto: Reprodução)
A decisão de não comparecer contraria o que havia sido comunicado pela defesa do “Careca do INSS” no último domingo (14). Inicialmente, a equipe jurídica informou que ele pretendia usar a audiência para se defender publicamente das acusações.
Horas depois, no entanto, a posição foi alterada.
Em nota oficial, a defesa justificou a ausência:
“Em razão da existência de inquérito policial com o mesmo objeto da CPMI, dará prioridade ao depoimento perante à Polícia Federal, considerando inclusive o lamentável clima político no âmbito da comissão, o que se tem visto durante os depoimentos já prestados, o que sinaliza para uma oitiva improdutiva”.
O esquema e as acusações
Antonio Carlos Camilo Antunes é apontado pela Polícia Federal como o principal articulador de uma fraude que desviou bilhões de reais do INSS.
A operação “Sem Desconto”, deflagrada em abril, investiga um esquema em que associações cadastravam aposentados sem autorização – muitas vezes com assinaturas falsas – para descontar mensalidades diretamente dos benefícios.
Segundo as investigações, o lobista atuava como “facilitador”, corrompendo servidores do INSS para obter dados sigilosos de beneficiários e garantir a assinatura e manutenção de acordos de cooperação técnica entre o instituto e as entidades.
A PF identificou que ele recebeu R$ 30 milhões de associações envolvidas no esquema e transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do órgão entre 2023 e 2024.
Além disso, ele é suspeito de lavagem de dinheiro em movimentações milionárias no Brasil e no exterior e de presentear agentes públicos com carros de luxo.
A mesma decisão do STF que beneficiou o “Careca do INSS” também se aplica ao empresário Maurício Camisotti, outro alvo da operação preso na última sexta-feira e com depoimento marcado para a próxima quinta-feira (18).
A CPMI ainda não foi informada se ele comparecerá.
A comissão segue investigando as fraudes, e o prejuízo estimado para os aposentados e pensionistas com os descontos ilegais já ultrapassa a marca de R$ 6 bilhões.
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