Manaus (AM) – Durante a sessão plenária da Câmara Municipal de Manaus (CMM) desta segunda-feira (13), o vereador Aldenor Lima (União Brasil) comparou cães perigosos com pessoas musculosas para defender a retirada de pauta do Projeto de Lei nº 037/2025, que propunha o uso obrigatório de focinheira e guia curta para cães de grande porte em áreas comuns de condomínios. “Imaginem que se for pessoas musculosas, deveriam andar algemadas por serem fortes”, questionou o vereador no plenário.
A declaração foi durante o debate que culminou na retirada da proposta de autoria do vereador Capitão Carpê (PL). O projeto havia sido elaborado após uma série de casos reais de ataques violentos de cães da raça pitbull em condomínios da capital amazonense, deixando pessoas e outros animais feridos.
Ao tentar desqualificar o projeto, Aldenor ainda alegou que a proposta significaria um “retrocesso” à causa animal e citou que “hoje, os animais têm direito até de viajar na poltrona de uma aeronave”.
Apesar das declarações polêmicas, Aldenor obteve apoio de parte dos parlamentares. Os vereadores Professor Samuel (PSD), Raulzinho (MDB), Rodinei Ramos (Avante) e Kennedy Marques (MDB) retiraram o apoio à proposta, o que forçou o autor do PL a arquivar o texto.
A decisão dos vereadores ocorre poucos meses após dois ataques envolvendo cães da raça pitbull dentro de condomínios em Manaus. Em janeiro deste ano, um homem saiu para passear com seus dois cães quando um deles, da raça golden retriever, foi atacado por um pitbull que havia escapado de uma casa no mesmo condomínio. Em apenas 30 segundos, o cão sofreu cortes profundos e o tutor também ficou ferido ao tentar conter o ataque.
Em outro episódio, que ocorreu em fevereiro, duas irmãs foram brutalmente atacadas por um pitbull em um condomínio na Avenida Torquato Tapajós, no bairro Terra Nova. As imagens da agressão circularam amplamente nas redes sociais, reforçando a urgência de um debate sério sobre a responsabilidade dos tutores e a regulamentação do convívio com animais potencialmente perigosos.
Apesar desses episódios reais e graves, a Câmara optou por abandonar o debate. O tema foi tratado com superficialidade, e argumentos jurídicos sobre suposta inconstitucionalidade e defesa dos direitos dos animais prevaleceram sobre a preocupação com a integridade física de moradores, especialmente crianças e idosos, que são os mais vulneráveis.
Leave a Reply