Coari (AM) – A Prefeitura de Coari autorizou um gasto de R$ 2,9 milhões apenas com três atrações musicais para o Réveillon 2026, enquanto moradores enfrentam falta de medicamentos, unidades básicas sem estrutura e ruas em condições precárias. Os valores foram formalizados por meio de inexigibilidades de licitação assinadas pelo secretário municipal de Cultura e Turismo, César Augusto Vasquez de Oliveira, entre os dias 3 e 4 de novembro de 2025, conforme publicações no Diário Oficial dos Municípios.
A maior contratação é do cantor Pablo, conhecido como “a voz romântica”, que receberá R$ 2,2 milhões pelo show da virada. Já o artista Marcynho Sensação custará R$ 350 mil, e a cantora Klessinha também foi contratada pelo mesmo valor de R$ 350 mil.
As três contratações foram feitas sem licitação, sob argumento de “fomento ao turismo e ao comércio local”, embora a gestão não apresente dados que comprovem impacto econômico ou retorno social.
Enquanto isso, indicadores sociais municipais seguem em queda. O próprio Tribunal de Contas do Estado já apontou que Coari enfrenta gargalos graves em áreas essenciais, como educação e saúde. Mesmo assim, o prefeito Adail Pinheiro continua priorizando gastos milionários com eventos, mantendo a estratégia de usar grandes festas como ferramenta política para reforçar imagem e popularidade.
Tardezinha cara em Coari
Na programação da Tardezinha Cultural 2025, a prefeitura destinou R$ 311,8 mil para duas apresentações musicais, também sem licitação. O ex-vocalista do grupo Jeito Moleque, Bruno Diegues, receberá R$ 155 mil, enquanto a Banda Molejo custará R$ 156,8 mil ao município. Ambos foram contratados através da empresa E D Torres de Aguiar, com contratos firmados no dia 6 de novembro de 2025.

Somados, os valores mostram uma política contínua da gestão de Adail Pinheiro: R$ 3,2 milhões em apenas cinco shows — todos justificados como “promoção de lazer, turismo e comércio”, mas concentrados em poucos dias de evento e sem mensuração de benefício público. A estratégia de luxo em meio ao cenário de necessidades básicas pendentes evidencia uma escolha de prioridades que beneficia mais a construção de narrativa política do que a população coariense.
Investigação na educação
área da educação em Coari também entrou no radar de órgãos de controle. O Ministério Público do Amazonas (MPAM) instaurou um procedimento administrativo para acompanhar e fiscalizar o uso dos recursos vinculados ao setor, incluindo gastos previstos no PPA, LDO e LOA. O objetivo é verificar se o orçamento municipal está sendo elaborado e executado conforme as metas previstas nos Planos Municipais de Educação e nas diretrizes do Plano Nacional de Educação. Segundo o MP, a medida busca garantir que o município cumpra a obrigação constitucional de assegurar educação pública de qualidade e com transparência.
O MPAM requisitou documentos detalhados à Prefeitura e às secretarias responsáveis para examinar como os recursos estão sendo distribuídos, quais programas estão sendo priorizados e se há participação efetiva dos órgãos de controle social, como o Conselho Municipal de Educação. Também foram feitos ofícios ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), reforçando que o acompanhamento do orçamento educacional afeta diretamente políticas de proteção e desenvolvimento de crianças e adolescentes. A fiscalização ocorre num momento em que a administração municipal já enfrenta questionamentos sobre prioridades de gasto, inclusive diante das despesas milionárias com eventos festivos.















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