Careiro (AM) – A paralisação do transporte escolar fluvial no distrito de Janauacá, em Careiro, tem deixado dezenas de crianças fora da sala de aula. O motivo é o atraso no pagamento dos barqueiros, que sem salário e sem recursos para comprar combustível, não conseguem manter o serviço.
De acordo com relatos, cada trabalhador deveria receber cerca de R$ 2 mil mensais da Prefeitura de Careiro, sob a gestão de Mara Alves (Republicanos), mas desde fevereiro só houve pagamento em dois meses, forçando famílias a escolher entre colocar comida na mesa ou garantir a ida dos filhos à escola.
“Desde fevereiro só recebemos dois meses. É impossível continuar sem gasolina. A gente quer trabalhar, mas não tem como”, desabafou Thaís Oliveira, mãe de aluno e condutora de embarcação.
Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, em 2022, foram destinados ao município R$ 1.452.109,16 do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (PNATE).

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) protocolou denúncia no Ministério Público do Amazonas (MPAM) e no Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM), cobrando a apuração da paralisação do transporte escolar fluvial no município.
Prejuízo direto às crianças
Sem transporte, muitas crianças estão perdendo o ano letivo. Pais denunciam que alunos recebem trabalhos para fazer em casa ou simplesmente ficam sem atividade.
“Só queremos o direito dos nossos filhos voltarem a estudar, porque o futuro deles depende disso. Não temos dinheiro para comprar combustível toda vez. Minhas filhas estão sendo prejudicadas”, disse Zivanide Rodrigues, mãe de duas meninas de 5 e 8 anos.
Estrutura precária
O problema vai além da falta de transporte. Escolas da região funcionam em prédios de madeira, com pisos quebrados, banheiros sem manutenção, portas que não fecham e caixas d’água já desabadas.



A rede elétrica é instável e não suporta ar-condicionado, obrigando professores a improvisar em salas abafadas e inseguras. Muitos recorrem a aulas ao ar livre para manter o ensino, mesmo em condições precárias.



Enquanto isso, moradores afirmam que a construção de uma nova escola foi prometida várias vezes, mas até hoje não saiu do papel. “Mediram terrenos, fizeram anúncios, mas nada aconteceu. O que vemos é descaso total”, relatou o agricultor Manoel Tiburcio, que também critica o nível de aprendizado prejudicado.
Descaso da gestão municipal
A Prefeitura de Careiro Castanho, apesar de receber recursos federais destinados ao transporte escolar, não tem garantido o mínimo: crianças na escola e professores em condições de trabalho dignas. O resultado é uma geração inteira comprometida pela negligência da gestão.
“Estão atrofiando a capacidade dos nossos filhos aprenderem e as oportunidades que eles poderiam ter. Isso é um absurdo!”, protestou Tiburcio.
Obras canceladas
Atualmente, o município tem seis obras canceladas, segundo o Sistema Eletrônico do Serviço de Informação ao Cidadão (Simec). Segundo sistema, para a construção da Escola Indígena Alice dos Santos, na zona rural do município, que teve termo de convênio assinado em 2014, durante a gestão de Hamilton Villar, foram pagos R$ 48.714,13. Já para a Escola Infantil Sebastião Borges, que teve termo de convênio assinado em 2011, foram pagos R$ 1.326.223,94.


















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