Rio de Janeiro (RJ) – A atriz Berta Loran, um dos nomes mais queridos e talentosos do humor brasileiro, morreu na noite do último domingo (28), aos 99 anos. Ela estava internada no Hospital Copa D’Or, unidade particular em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
A informação foi confirmada pela instituição em nota, que prestou pesar aos amigos e fãs, mas informou não ter autorização da família para divulgar mais detalhes.
Berta completaria 100 anos no próximo ano. Nos últimos anos, ela vivia de forma reclusa, longe dos holofotes e sem contato com a imprensa, preservando sua imagem
Uma vida dedicada ao riso
Nascida Basza Ajs em Varsóvia, Polônia, no dia 23 de março de 1926, a atriz imigrou para o Brasil com apenas 9 anos, fugindo com a família da perseguição nazista aos judeus na Europa.
Instalando-se no Rio de Janeiro, ela descobriu cedo sua vocação para as artes. O pai, alfaiate e ator amador, a levava para os espetáculos da comunidade judaica, onde sua veia cômica despertou.
Em uma entrevista ao Memória Globo, a atriz contou com bom humor seu primeiro contato com o palco, aos 14 anos:
“Eu sempre fui trapalhona, traquina, sapeca, danada. Com 14 anos, botei o salto alto da minha mãe e subi no palco. Quebrei o salto e saí mancando. O povo começou a rir. E eu gostei! Pensei comigo: ‘o bom é fazer rir’”. disse
Uma carreira consagrada na TV
Berta Loran entrou para a TV Globo em 1966 e rapidamente se tornou uma figura familiar nos lares brasileiros.
Com seu sotaque característico e timing cômico impecável, ela participou dos principais programas de humor da emissora, tornando-se uma das primeiras mulheres a se consolidar no gênero, em uma época dominada por homens.
Sua filmografia na telinha é um verdadeiro compêndio do humor nacional, passando por
- Riso Sinal Aberto (1966)
- Balança Mas Não Cai (1968)
- Faça Humor, Não Faça Guerra (1970)
- Satiricom (1973)
- Planeta dos Homens (1976)
- Escolinha do Professor Raimundo (1990)
- Zorra Total (1999)
- A Grande Família (2012).
Além dos programas de auditório, a humorista também marcou presença em diversas novelas, como Amor com Amor se Paga (1984), Cambalacho (1986), Cama de Gato (2010), Ti-Ti-Ti (2011), Cordel Encantado (2011) e, mais recentemente, A Dona do Pedaço (2019), seu último trabalho.
Sua vida e carreira foram homenageadas no livro Berta Loran: 90 anos de humor”(2016), de João Luiz Azevedo.
O produtor cultural era uma das poucas pessoas que ainda tinham contato com a artista e, em uma rede social, revelou que, ao completar 99 anos, Berta estava morando em Copacabana com uma cuidadora, cercada pelo carinho de amigos e familiares.
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