MP investiga omissão da Defesa Civil de Manaus diante de risco de desabamento de casas no Coroado

MP investiga omissão da Defesa Civil de Manaus diante de risco de desabamento de casas no Coroado

Manaus (AM) – O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) instaurou o Inquérito Civil nº 06.2025.00000536-7 para investigar a omissão da Defesa Civil de Manaus diante de denúncias de rachaduras e riscos estruturais em residências na Rua das Araras, no bairro Coroado, zona Leste da capital. O documento foi publicado nessa segunda-feira (28), no Diário Oficial do MPAM.

Segundo a portaria assinada pelo promotor Lauro Tavares da Silva, da 62ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa da Ordem Urbanística, a investigação tem como base uma Notícia de Fato que relata a morosidade da Defesa Civil em vistoriar imóveis que estariam em risco, mesmo após solicitações feitas por moradores.

“A finalidade do inquérito é apurar as causas e consequências de rachaduras nas residências localizadas na Rua das Araras, n° 320, ante a existência de riscos à incolumidade física e à vida dos seus moradores”, diz um trecho do documento.

A promotoria notificou a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semseg), sob a gestão de Alberto Siqueira Neto, para responder às requisições de informação. Caso não se manifeste, poderá ser enquadrada por omissão administrativa, o que pode gerar responsabilização civil e judicial.

Moradora relata abandono

Um morador da área afetada, que preferiu não se identificar, afirmou que chegou a acionar a Defesa Civil, que foi ao local, tirou fotos, mas nenhuma solução foi apresentada. O local enfrenta uma série de deficiências estruturais e sanitárias, como a falta de saneamento básico adequado, incluindo a ausência de abastecimento regular de água potável, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana eficiente, manejo correto de resíduos sólidos e sistema de drenagem para as águas pluviais, o que agrava ainda mais os problemas enfrentados pelos moradores durante o período de chuvas.

“Liguei para a Defesa Civil na época e, devido às chuvas, as casas ficaram ainda mais danificadas. Eles vieram aqui, tiraram fotos, mas não resolveram nada. Cansei de esperar e tive que tirar do meu bolso para ajeitar. Infelizmente, nem a prefeitura, nem o pessoal da limpeza urbana ajudaram”, desabafa o morador.

Ela também aponta que o problema vai além da rua: envolve uma área crítica em um beco próximo, onde seriam necessárias ações de reassentamento ou urbanização, como o programa Prosamin+. Ainda segundo ela, o local não possui saneamento básico, o que agrava os riscos à saúde e segurança da comunidade.

O que diz a lei

O MPAM baseou a instauração do inquérito em diversos dispositivos legais, entre eles o Plano Diretor Urbano e Ambiental de Manaus (Lei Complementar nº 002/2014), que estabelece como princípio a promoção da qualidade de vida e o uso racional do solo urbano. O órgão reforça que é dever do poder público atuar com rapidez e coordenação entre secretarias e conselhos municipais, para garantir segurança e condições mínimas de moradia digna à população.

O promotor determinou que a SEMSEG seja formalmente informada de que seu silêncio poderá ser interpretado como omissão e levar à judicialização do caso. O MP também designou um servidor para acompanhar o processo e exigiu a atualização das informações no sistema da promotoria, por meio da plataforma Google Earth.

A reportagem questionou a Semseg sobre as providências adotadas em relação às denúncias de riscos estruturais e à ausência de saneamento básico na Rua das Araras, no bairro Coroado. Até o momento, não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.

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