Brasil – A atuação do Congresso Nacional é reprovada pela maioria da população brasileira, segundo nova pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21) pela Genial/Quaest. O levantamento revela que 51% dos brasileiros desaprovam o desempenho de deputados federais e senadores, enquanto apenas 42% demonstram aprovação. Outros 7% não souberam ou preferiram não opinar.
O levantamento também aponta para um forte sentimento de desconfiança em relação ao uso das emendas parlamentares, recursos do orçamento federal indicados por congressistas para Estados e municípios. A maioria dos entrevistados acredita que esses valores não chegam ao destino final, sendo desviados antes de gerar benefícios concretos à população.
Segundo os dados, 82% dos brasileiros acreditam que há corrupção no uso das emendas. Apenas 9% enxergam as emendas como investimentos que de fato são aplicados nos municípios. A percepção negativa é acompanhada de um amplo desconhecimento sobre o mecanismo: 72% dos entrevistados disseram não saber que os parlamentares controlam uma fatia bilionária do Orçamento da União. Neste ano, o montante soma R$ 50,4 bilhões — valor superior ao orçamento disponível para a maioria dos ministérios.
Emendas sob ataque
O dispositivo das emendas enfrenta crescente rejeição: 46% dos entrevistados defendem que deputados e senadores não deveriam ter poder para indicar repasses. Outros 38% são favoráveis à prática, e 16% não opinaram. A crítica à falta de transparência ganhou força após escândalos como o das “emendas Pix” e do “orçamento secreto”, que dificultavam o rastreamento dos recursos. Em 2022, o Supremo Tribunal Federal declarou o orçamento secreto inconstitucional e, desde 2024, impôs regras para aumentar a transparência das transferências via emendas Pix.
Governo Lula vai cobrar taxa sobre emendas
Diante desse cenário, o governo federal decidiu impor um “pedágio” de 1% sobre as emendas Pix. A medida está prevista em uma portaria que será publicada pelo Ministério da Gestão e Inovação. A cobrança será descontada automaticamente a cada repasse indicado por parlamentares. Segundo o ministério, a taxa está prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 e servirá para financiar melhorias na plataforma Transferegov.br, responsável pelo monitoramento dos repasses federais.
A proposta gerou reação no Congresso, que já enfrenta crescente desgaste público em relação ao uso dessas verbas. Críticos da medida afirmam que a cobrança representa uma forma disfarçada de retaliação do Executivo ao poder de articulação orçamentária dos parlamentares.
Desconfiança em alta
A pesquisa ouviu 2.004 pessoas entre os dias 10 e 14 de julho, em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.
O resultado reflete não apenas o desgaste histórico do Congresso, mas também um sinal de alerta para o uso político do orçamento, cada vez mais questionado por uma população que desconfia da aplicação do dinheiro público e exige maior fiscalização e transparência nas emendas.
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